Quando saímos nas ruas, se torna inconfundível quando avistamos um Gurgel, um dos maiores fatores que contribuem para isso, é de que essa empresa foi responsável pelo primeiro carro autêntico, nacional. Seu estilo também contribui para que seja reconhecido até os dias de hoje, por possuir um design minimalista, puxado para formas quadradas. A Gurgel possuía um grande leque de modelos, de veículos econômicos a SUVs, de jipes utilizados pelo exército a carros mais compactos e simples, sempre diversificando e buscando abranger diversos grupos. Uma prova do comprometimento da empresa ao produzir veículos, é a imensa quantidade de 40 mil produzidos em 25 anos.
Algo que muitas pessoas não se atentam, mas não deixa de ser algo muito curioso, é que os carros da Gurgel Motores foram propositalmente nomeados com alcunhas derivadas do tupi, como os modelos Itaipu, Carajás Xavante e etc. O que deixa claro o forte nacionalismo expressado pela empresa para os seus projetos. Essa característica nacionalista também era visível nas latarias, que sempre inovavam, e nunca tentavam copiar modelos internacionais que estavam em alta na época.
Ao contrário do lado de fora do carro, o interior era bem mais simples, possuindo apenas o básico de que um usuário precisaria para uma boa viajem. Os veículos contavam com pequenos compartimentos especiais e portas, onde eram guardados alguns itens como o estepe. A marca também se destacava ao adicionar aos seus modelos, alguns elementos atrativos que inovavam na época, como tetos removíveis, portas de acrílico transparente e sistemas de ventilação que focavam em cada um dos passageiros, definitivamente formas muito interessantes de inovar.
História da Gurgel
João Augusto Amaral Gurgel, iniciou sua carreira criando minicarros e karts, e acabou evoluindo para a realização de seu sonho, que era criar veículos 100% nacionais. Em 1969 a Gurgel Motores lançou o seu primeiro veículo no mercado nacional, o buggy-ultilitário, que contava com carroceria patenteada pela própria empresa, chamava-se “plasteeal”, uma combinação de aço e plástico com uma grande rigidez. Porém os motores e os chassis usados, eram provenientes da Volkswagem. O carro possuía 4 verões, Enseada, Ipanema, Augusta e Xevante (um utilitário que se tornou muito popular na época).
A Gurgel conseguiu se estabilizar no Brasil, principalmente em fazendas, onde eram concorrentes dos jipes. No mesmo período, ocorria o Regime Militar, que dificultava na época a importação de automóveis, o que acabou favorecendo muito a ascensão da marca em território nacional. Aos poucos, a empresa foi ficando segura de seu potencial, a ponto de deixar de usar os chassis da Volkswagem para conduzir os seus próprios utilitários, como o motor Enerton, que foi baseado no motor boxer da WV, porém com refrigeração a água. Houve uma época em que a empresa produzia 10 carros por dia, sendo o X-12, o principal modelo fabricado por eles. Cerca de 25% de toda a produção proveniente da Gurgel, era exportada para todos os países da américa latina, incluindo também a Arábia Saudita e outros, o que subverteu a situação em que o Brasil se enquadrava, onde nós que importávamos do exterior.
O primeiro carro 100% Brasileiro:
Assim veio o BR-800, o primeiro carro 100% Brasileiro, com o chassi, motor e carroceria Gurgel. O modelo de 800 cilindradas, rendia 34 cavalos de potência. Um veículo simples, econômico e urbanos, com capacidade de levar 4 passageiros. O BR-800 era de fato um carro extremamente econômico, pois fazia em média 21km por litro de gasolina em suas viagens, um número incomum de se ver até nos dias de hoje. infelizmente posteriormente o modelo foi engolido totalmente pela concorrência, devido à baixa do Imposto sobre Produtos Industrializados para carros menores de 1000cm³. O que levou alguns carros como o Fiat Uno MIlle, ter o preço semelhante ao do BR-800, porém com um espaço e desempenho maior.